O ato solidário como forma egoísta de alcançar o prazer

19.8.15 0 Comments




Tentei ser bem explícito no título e imagem que atribuí a este artigo.

Apesar de ser um assunto sensível, sinto que se deva falar e, sobretudo, pensar.


Pode ser controverso, mas alguma vez pensaste o que nos leva a ajudar a alguém?



Vamos manter esta questão sempre em mente, enquanto eu explico o que pretendo dizer com egoísmo para alcançar prazer, na medida que também antecipo uma justificação: o que aqui escrevo não está diretamente relacionado com nada que tenha lido, é apenas uma coisa que paira na minha cabeça muitas vezes nos últimos tempos.


Imagina a seguinte situação: Vais na rua e a dobrar a esquina deparas-te com uma pessoa que te pede 1 euro para comer uma sopa. O que fazes? Tens apenas três opções: 1. Paras, prestas atenção,fazes algumas questões e acabas por dar o euro; 2. Ignoras; 3. Dizes: «não estou interessad@» e continuas o teu caminho sem olhar para trás.


Das três opções qual consideras a mais egoísta?


Se escolheste a 2 ou a 3, não estamos em sintonia, lamento, porque eu escolho a número 1.


Passo a explicar.
Independente da história a partir do momento que se parou está-se a colocar o outro num estatuto social inferior, porque colocas-te na posição de pessoa que vai ajudar e o outro na posição de quem vai ser ajudado. Porém o que acontece é que esse sentimento que te move a ajudar faz-te sentir importante e necessário para aquela pessoa. E quem não gosta de se sentir importante? Isso far-te-á sentir melhor contigo, porque ajudaste uma pessoa, certo? Muitos Chamam-lhe compaixão; ou ainda, Amor ao próximo. Na verdade é um ato egoísta que nele se associa o sentimento de prazer.


Para ficar mais claro vou ainda dar, como exemplo, uma situação que me acontece inúmeras vezes.

Eu sou uma daquelas pessoas que gosta de ajudar os outros. Admito. Tenho várias competências, por isso o leque de ajudas é amplo. Porém nos últimos anos tenho feito um esforço enorme para ajudar cada vez menos, porque tento incutir em mim uma frase que ainda não consigo assimilar por completo: amigos, amigos, negócios à parte. Pois eu há anos que andava a ajudar toda a gente que me pedia ajuda. Era um site, era o cartaz, era montar exposições, era as fotos para a peça de teatro, enfim... e mais e mais. Podes não acreditar, mas eu cheguei muitas vezes a procurar gente que necessitasse de um 'favorzinho' e colocava-me totalmente ao dispor delas sem pedir um tostão em troca. Isto fazia com que eu ficasse exausto e sem dinheiro... mas contente. Porém nunca tinha pensado porque é que eu mesmo não tendo dinheiro e tempo para mim, para as minhas 'coisas', e sentido-me esgotado poderia eu sentir-me contente.

Foi à 2 anos, quando mudei de cidade, que comecei a tentar perceber o que me levava a ter esse prazer. Eu fazia tudo para que me achassem 5 estrelas, era capaz de estar a trabalhar no projeto de outrém sem receber e mais de 17 horas por dia, e não tinha fins-de-semana. O ganho: prazer. A partir do momento que descobri que eu ajudava para ter prazer deixei, simplesmente de o fazer. Estava a ser insano. E pior que isso, estava a levar o meu amor neste filme. Eu já não conseguia comportar tudo. Sentia-me prestes a sucumbir à exaustão.

Agora, de forma muito mais doseada, eu decido quem ajudo e em que proporção. Os amigos que considero amigos verdadeiros passaram a estar no topo da minha lista, porque sei que deles tenho retorno. Isto pode parecer um pouco interesseiro, mas acreditem que não é. Se eles lerem isto sabem que estou a falar deles.



O que acabo de escrever não é nenhuma lição para ninguém. É antes algo que não quero fechar para que possas tu também pensar sobre ela.

Unknown

Sou uma pessoa persistente e exigente consigo própria. Trabalho na área criativa e tenho um especial gosto em analisar-me, não no sentido narcisista, mas antes psicológico. Gosto de me sentir a evoluir, e aproveito todos os dias para aprender algo novo. Não sou de sair e de estar em grande grupos. Sou um bom amigo (pelo menos é o que dizem).

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